Chavez aparece para a cúpola regional
Chavez adiou a cúpula em julho, depois que um tumor maligno foi removido da sua região pélvica. Ao se submeter a quimioterapia, ele reduziu suas aparições quase diárias de televisão, viagens foram canceladas em vários encontros regionais e cancelou reuniões com líderes como o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad e a presidente brasileira Dilma Rousseff.
O auto-declarado socialista espera que a cúpola irá convencer os eleitores de que ele está apto para competir nas eleições do ano que vem e que seu sonho de unir a região sob sua égide anti-americana, ainda está vivo, disse Maria Teresa Romero, analista em relações internacionais da Universidad Central de Venezuela em Caracas.
O declínio da produção de petróleo e a crescente escassez de produtos em casa, podem deixar alguns líderes estrangeiros menos impressionados, disse ela.
"Chávez precisa desta cimeira a fim de sentir, mais uma vez, que a sua liderança latino-americana é tão forte quanto era em anos anteriores", disse Romero em uma entrevista por telefone a partir de Caracas. "Mas ele não tem a mesma capacidade financeira que tinha antes."
Durante a cúpula, os presidentes do Chile, incluindo Sebastian Piñera e da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner vão assinar a constituição da Comunidade de Estados da América Latina e Caribe, ou CELAC, um bloco regional que exclui os EUA e o Canadá. Chávez disse que a organização é a realização do sonho do herói da independência, Simon Bolívar, para unir a América Latina.
'200 Anos da Batalha '
"O CELAC é um ponto de chegada após 200 anos de batalha - não estou exagerando nem um pouco", disse Chávez em comentários transmitidos pela televisão estatal ontem. "À medida que os anos passam, o CELAC vai deixar a velha e gasta OEA para trás ", disse ele, referindo-se à Organização dos Estados Americanos, o bloco regional que inclui os EUA e o Canadá.
A reunião de hoje, irá incluir Raul Castro de Cuba, em sua primeira visita fora do país do Caribe neste ano, segundo o Granma jornal estatal cubano.
O transbordamento da crise da Europa dívida, pode ofuscar a cúpula de líderes, que discutem formas de reforçar um fundo de emergência para ajudar os países na região com problemas de balança de pagamento. Enquanto o Brasil e a maioria dos outros países sul-americanos são a favor de reforçar um mecanismo já existente, Fondo Latinoamericano de Reservas, ou Flar, de $ 4 bilhões, a Venezuela e Equador querem um novo fundo, que irá também desenvolver o mercado de títulos regional e internacional, disse o secretário brasileiro do Ministério das Finanças para assuntos internacionais, Carlos Cozendey, em 28 de novembro.
Milagre
Chávez, que se recusou a revelar exatamente que tipo de câncer que ele tem, exceto para dizer que um tumor do porte de uma bola de beisebol foi removido da sua área pélvica, disse que é um milagre que apenas cinco meses depois de passar pela faca, ele foi capaz de retomar uma rotina de trabalho normal.
A economia precisa de um milagre semelhante. A produção de petróleo será de cerca de 2,3 milhões de barris por dia neste ano, comparada a uma alta de 3,45 milhão de barris em 1998, segundo dados da Bloomberg.
Embora o crescimento económico vá atingir 3,8 por cento nos primeiros nove meses, depois de seis trimestres consecutivos de contração em 2009 e 2010, o governo e a empresa petrolífera estatal Petróleos de Venezuela SA tiveram de vender um recorde de $ 17,5 bilhões em títulos este ano, para financiar o aumento do gasto . Este dinheiro irá para a economia interna antes das eleições, e não para as promessas que Chávez fez aos parceiros regionais no passado.
Ceticismo
Na década anterior, países como Equador e Brasil olharam para a Venezuela para empréstimos a juros baixos do petróleo e financiamento para projetos. Desde então, uma série de promessas quebradas significou para a maioria de seus pares ver o ex-comandante do tanques, com um grau de ceticismo, disse Riordan Roett, diretor do Programa de Estudos Latino-americanos na Universidade Johns Hopkins, em Washington.
A pipeline de $ 20 bilhões que era para ligar o Caribe e campos de gás da Venezuela offshore com o Brasil, Uruguai e Argentina, está em espera desde 2007. Outro gasoduto sob o Caribe, que deveria fornecer a Cuba e até Yucatan na Península do México, nunca foi além da fase de planejamento.
Planos de construir uma refinaria de 230.000 barris por dia em Pernambuco, Brasil, proposto pela primeira vez em 2005, foram paralisados por mais 60 dias esta semana, para dar à PDVSA mais tempo para chegar com a sua parte do financiamento. (planos, não, a construção que a Petrobras começou sozinha)
Sonho ferroviário
Em uma reunião bilateral com Dilma do Brasil ontem, Chávez disse que "sonhou" de construir uma ferrovia para o transporte de fertilizantes entre a Faixa do Orinoco na Venezuela e a cidade brasileira de Manaus. Chávez e Dilma também assinaram um memorando de entendimento em que se comprometeram a continuar as negociações para a estatal aérea Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas y Servicios Aéreos SA, conhecida como Conviasa, comprar 20 aviões da Embraer brasileira.
Chávez também se reuniu com a presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner. Os países assinaram um acordo em que a Venezuela vai importar 13.500 carros no valor de 215 milhões dólares da Argentina.
A conferência tem lugar como políticas internas de Chávez recebem mais críticas. A expansão do controle de preços na semana passada, provocou pânico de compras, levando à escassez de tudo, desde café até papel higiênico.
Sob os regulamentos que entraram em vigor 22 de novembro, o governo pode fixar o preço de 500.000 produtos em uma tentativa de retardar a inflação, que atingiu 26,9 por cento em outubro, o maior do Hemisfério Ocidental. O Diretor do Banco Central Armando Leon, chamou os controles de um "camisa de força" em uma entrevista de 25 de novembro.
Custos de Empréstimos
A Venezuela tem os maiores custos de empréstimos das grandes economias emergentes. Investidores exigem um rendimento de 1.287 pontos base, ou 12,87 pontos percentuais, a mais do que os juros do Tesouro dos EUA, para segurar a dívida do governo, de acordo com a JPMorgan Chase & Co. EMBI 's Index Global.
O aumento dos preços e uma desvalorização de 40 por cento do bolívar em janeiro, erodiram o poder de compra da base de Chávez da classe trabalhadora. O país também tem sido assolado por uma onda de assassinatos e quedas de energia que têm persistido mais de um ano, após o que Chávez declarou uma emergência nacional para consertar a rede elétrica envelhecida.
A avaliação de Chávez de 46,3 por cento, é inferior ao de todos os três candidatos favoritos da oposição, para ganhar uma eleição primária, para concorrerem contra ele em uma votação prevista para outubro próximo, de acordo com uma pesquisa feita em 21 em outubro.
A cúpola regional pode ajudar a Chávez desviar a atenção de seus problemas domésticos.
"Na própria mente Chávez pensa que este tipo de encontro reforçe o sonho Bolivariano nas pessoas que ele espera que venham a votar nele", disse Roett.
http://www.businessweek.com/news/2011-12-02/post-cancer-chavez-looks-to-revive-regional-clout-at-summit.html
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