Nouriel Roubini: Karl Marx estava certo
Disse Roubini que, a menos que haja outra rodada de estímulo fiscal maciça, ou uma reestruturação da dívida universal, o capitalismo continuará a experimentar uma crise devido a uma falha sistêmica, identificada pela primeira vez pelo economista Karl Marx há mais de um século atrás.
Marx, entre outras teorias, argumentou que o capitalismo tinha uma contradição interna que, ciclicamente, levaria a crises e que, no mínimo, iria colocar pressão sobre o sistema econômico.
Empresas, Roubini disse, estão motivadas para minimizar os custos, para economizar e acumular dinheiro, mas isso leva a menos dinheiro nas mãos dos funcionários, o que significa que têm menos dinheiro para gastar e fluir de volta para as empresas.
Agora, na crise financeira atual, os consumidores, além de ter menos dinheiro para gastar, devido ao acima, também estão motivados para minimizar os custos, para economizar e acumular dinheiro, aumentando o efeito de menos dinheiro fluir de volta para as empresas.
"Karl Marx tinha razão", disse Roubini em entrevista à wsj.com. "Em algum ponto o capitalismo se auto-destruirá. Isso é porque você não pode continuar a transferir os rendimentos do trabalho ao capital, sem não ter um excesso de capacidade e uma falta de demanda agregada. Pensávamos que os mercados funcionassem. Eles não estão funcionando. O que é individualmente racional ... é um processo auto-destrutivo ".
Roubini acrescentou que na ausencia de um PIB de crescimento orgânico e forte - o que pode aumentar os salários e os gastos dos consumidores - o que é necessário é um grande estímulo fiscal , concordando com outro economista de alto perfil e Nobel de Economia, Paul Krugman que, no caso dos 786 milhões de dólares aprovados pelo Congresso dos Estados Unidos em 2009, disse que foi muito pequeno para criar uma demanda agregada necessária para avançar a recuperação econômica dos EUA, para uma expansão auto-sustentável.
Na ausência deste estímulo, ou de um inesperado crecimento do PIB, a única solução é uma reestruturação universal das dívidas para bancos, casas (essencialmente para as famílias) e governos, disse Roubini. Todavia, nenhuma restruturação universal ocorreu, disse Roubini.
Sem esse estímulo fiscal adicional, a falta de uma restruturação ocasionou "casas zumbis, bancos zumbis e governos zumbis", disse ele
Não existem boas escolhas além do estímulo fiscal ou reestruturação da dívida
Os Estados Unidos, Roubini disse, podem, em teoria: a) crescer além do problema atual (mas a economia está crescendo muito lentamente, daí a necessidade de mais estímulo fiscal), ou b) se salvar do problema (mas se muitas empresas e cidadãos salvarem-se, a falha identificada por Marx será ampliada), ou c) Inflacionar-se para fora do problema (mas que tem danos colaterais extensos, ele disse).
No entanto, Roubini disse que não achava que os EUA, ou o mundo, estão agora no ponto onde o capitalismo está se auto-destruindo.
"Nós não estamos lá ainda", disse Roubini, mas ele fez acrescentou que a tendência atual, se continuar, "corre o risco de repetir a segunda perna da Grande Depressão" - '. - o "erro de 1937".
Em 1937, o presidente Franklin D. Roosevelt, apesar do fato de que os primeiros quatro anos de estímulo maciço do New Deal haviam diminuído o desemprego nos EUA a partir de um por cento dos intoleráveis 20,6% durante a administração Hoover no começo da Grande Depressão, para 9,1 por cento, sentiu a pressão dos republicanos do Congresso, e ele - como o atual presidente Barack Obama fez com o Partido Republicano liderado peloTea Party em 2011 - cedeu para os conservadores e cortou gastos do governo em 1937. O resultado? O desemprego nos EUA voltou a subir e atingiu 12,5% em 1938.
O corte prematuro de gastos do governo prejudicou a economia dos EUA em 1937 por redução da demanda, e Roubini vê o mesmo padrão hoje, seguindo-se às medidas de austeridade implementadas pela negociação de aumentar o valor do débito americano.
Análise Econômica: Roubini identifica o problema central da economia atual dos EUA tal como um laser. É uma entrevista fascinante que se pode assistir na íntegra clicando abaixo (link em azul).
Roubini também argumenta que as revoltas sociais no Egito e em outros países do mundo árabe, na Grécia, e agora no Reino Unido, são de origem econômica (principalmente o desemprego, mas também, no caso do Egito, devido ao crescente custo de vida ).
Além disso, a vista daqui argumenta que, embora ninguém deve esperar um "colapso iminente" do capitalismo, ou mesmo um colapso da versão americana, o capitalismo corporativo - o capitalismo e o lvre mercado são muito ágeis e capazes de se adaptar para isso - para dizer que a atual ordem econômica não está vivendo uma crise, não seria preciso.
http://www.ibtimes.com/articles/197468/20110813/roubini-nouriel-roubini-dr-doom-financial-crisis-debt-crisis-europe.htm
Para ver a entrevista em inglês, clicar abaixo:
http://online.wsj.com/video/roubini-warns-of-global-recession-risk/C036B113-6D5F-4524-A5AF-DF2F3E2F8735.html?mod=WSJ_hpp_mpvidcar_1D5F-4524-A5AF-DF2F3E2F8735.html?mod=WSJ_hpp_mpvidcar_1
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