Negócio de iPads no Brasil, de $12 bilhões, está em apuros: fontes
O tão apregoado plano de $ 12 bilhões da fabricante de Taiwan, a Foxconn, para produzir iPads no Brasil está "em dúvida", devido às negociações estagnadas sobre incentivos fiscais e problemas estruturais profundos do Brasil , como falta de mão de obra qualificada, fontes do governo disseram à Reuters. (O blog já havia postado, há algum tempo, "rumores" sobre isso).A proposta de construir computadores tablet da Apple no Brasil foi anunciada pela primeira vez em abril, pela presidente Dilma Rousseff (foto), como resultado de uma visita oficial à China. Altos funcionários saudaram o acordo como um sinal dos crescentes laços econômicos com a Ásia, e como prova de que o Brasil estava subindo na cadeia do valor agregado de fabricação, enquanto sua economia crescia.
No entanto, a idéia de um "iPad brasileiro" trouxe imediatamente ceticismo, no país onde as fábricas têm lutado há anos com altos impostos, uma moeda sobrevalorizada e uma falta de trabalhadores qualificados, devido à educação deficiente e um mercado de trabalho pouco sofisticado.
A data de início prevista para a produção foi o primeiro de julho, depois adiado para novembro. Agora, não está claro se o projeto vai sair do chão, pelo menos na forma em que foi originalmente previsto, disseram os funcionários em condição de anonimato.
"As conversas têm sido muito difíceis, e o projeto de um iPad brasileira está em dúvida", disse uma autoridade. "(A Foxconn) está fazendo exigências loucas" para isenções fiscais e qualquer outro tratamento especial, acrescentou o funcionário. (pessoas do setor dizem que os coreanos acreditam que estas foram as promessas do governo)
Várias chamadas para um representante para Foxconn no Brasil não foram imediatamente retornadas.
A Folha de S. Paulo nesta quinta-feira noticiou que o financiamento para o projeto Foxconn do banco de desenvolvimento estatal BNDES - sem o que a iniciativa provavelmente acabaria - estava em perigo de ser retirado. Um porta-voz do BNDES disse à Reuters que o banco não tinha comentários.
Se o projeto não cair, ele poderia tornar-se simbólico de luta do Brasil para cumprir as elevadas - e talvez irrealistas - expectativas de crescimento deste ano. Após uma expansão de 7,5 por cento no ano passado, a economia está agora prevista para crescer apenas 3,5 por cento em 2011, o que poderia colocá-lo em último no grupo BRICS de grandes mercados emergentes, e perto do fundo da América Latina.
As questões que atrasam o iPad - altos impostos, infra-estrutura ruim e recursos humanos escassos - são rotineiramente citadas por líderes empresariais como os principais obstáculos a um maior crescimento.
Mas ainda há muitos incentivos para ambas as partesa fazerem concessões e acertarem um negócio nos próximos meses.
O mercado consumidor do Brasil, com 190 milhões de pessoas e uma alta taxa de utilização da Internet pelos padrões de países em desenvolvimento, é considerado sub-atendido no mercado de tablets. Uma das razões para tanto é o alto custo das importações. Devido a tarifas e impostos, um iPad 2 com 16 gigabytes de memória atualmente é vendido por cerca de $ 900, quase o dobro do preço de lista que é de $ 500 nos Estados Unidos.
Enquanto isso, Dilma tem elogiado os computadores tablet como uma maneira, de custo relativamente baixo, para aumentar o acesso à Internet para os pobres - uma das principais prioridades dela - e para nutrir um indústria nativa de alta tecnologia.
Problemas do Brasil
Outras empresas estrangeiras, incluindo a Motorola Mobility e a Samsung já manifestaram interesse em envidar esforços para produzir no Brasil. A Positivo Informatica, fabricante do maior computador doméstico do Brasil, lançou o seu tablet próprio apenas na semana passada.
No entanto, nenhuma das outras iniciativas, até à data, têm o glamour e qualidade oferecidos pelos produtos da Apple, ou a mesma escala de investimentos.
O Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, o homem do governo nas negociações com a Foxconn, admitiu nesta segunda-feira que as negociações foram difíceis por causa de uma ampla gama de questões - algunas delas do lado do Brasil.
Funcionários do governo dizem que a proposta original da Foxconn, cuja principal companhia listada (em bolsa) é a Hon Hai Precision Industry, tinha planos para a construção de um novo complexo industrial, fora de São Paulo. Seria uma "cidade inteligente", potencialmente abastecida com sua própria energia, estradas e outras infra-estruturas.
Mas o Brasil já está lutando para executar projetos de construção de grande porte, relacionados com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016, e especialistas independentes esperam que apenas cerca de metade dos $1 trilhão em investimentos de infra-estrutura planejada e necessários para a próxima década, possa ser aplicada (e as obras construidas) a tempo.
"A negociação é bastante complexa. A situação para a estrutura, tecnologia, energia, logística, é tudo muito complexo", Mercadante disse a jornalistas.
Meios de comunicação locais relataram que a Foxconn também está buscando um tratamento prioritário na alfândega brasileira, que é notoriamente lenta mesmo para os padrões de mercados emergentes.
A maior dificuldade foi encontrar empresas brasileiras parceiras no esforço e que assumissem alguns dos custos, Mercadante disse. "É uma exigência de ter sócios brasileiros, (mas) na área de tecnologia, os parceiros que temos não tem músculo financeiro para investimentos perto desse valor", disse ele.
Mercadante também se referiu a um resultado possível das negociações, dizendo que o investimento final pode não ser tão grande como os $ 12 bilhões que Rousseff primeiro anunciou na China em abril.
Uma opção poderia ser a Foxconn ter um parceiro brasileiro, para simplesmente montar peças fabricadas no estrangeiro para o IPAD, em vez de produzir telas e outros componentes localmente. Outras medidas poderiam ser tomadas para reduzir a escala do projeto, que pode simplesmente ter sido demasiado ambiciosa para todas as partes.
"Estamos lidando com um monte de questões, como a tentativa (de Taiwan) para descobrir como fazer negócios no Brasil ... e no Brasil para descobrir como produzir estes produtos complicados", segundo um funcionário do governo disse à Reuters. (boa avaliação do problema, mas os produtos 'complicados' já existem há algum tempo...)
"Talvez a gente vá acabar começando com algo menor."
http://www.reuters.com/article/2011/09/29/us-brazil-ipad-foxconn-idUSTRE78S4O420110929
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